A pseudociência na universidade
A universidade, por excelência, é o lugar para se discutir ideias e se desenvolver novos conhecimentos. A liberdade para trabalhar e discutir é de fundamental importância para o que na universidade consiga atingir esses objetivos. Nem tudo que se faz na universidade é ciência. Existe o desenvolvimento de conhecimentos nas áreas de Cultura e Artes, por exemplo, que não são Ciência, mas são tão importantes como qualquer outro..
Entretanto, há, na minha opinião, um problema quando atividades pseudocientíficas, por serem realizadas na universidade, começam a ganhar status de "Ciência". É o caso da Universidade de Brasília, que tem desde 1989 o "Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais", que aparece em destaque na edição de hoje (30/05) no caderno de Ciência da Folha de S.Paulo (a reportagem compleata nesse link, apenas para assinantes).
A reportagem começa apresentando as credenciais acadêmicas do coordenador do núcleo, que é físico e dá uma ampla divulgação as atividades do núcleo. A tônica da reportagem é informar que as "pesquisas" realizadas é perseguida por setores da universidade e que órgãos de fomento a pesquisa nunca aprovam projetos para esse tipo de atividade e para que elas ocorram devem recorrer a financiamento do exteriors, Curiosamente, como resultado importante do Núcleo é relatada a "experiência" de levar paranormais para o hospital da UnB para adivinhar o que os pacientes tinham. Os resultados foram que os sensitivos não acertavam mais do que um processo randômico, ou seja, escolha aleatória de respostas.
A Folha de S.Paulo, como manda o bom jornalismo, não fez um contraponto, ou seja, não ouviu ninguém do outro lado, qual é a opinião dede outros pesquisadores sobre esse tipo de atividade. O Núcleo promove pesquisas e cursos nas áreas de Astrologia, Ufologia, Conscienciologia e terapias inegrativas. A Folha se limita a citar que na década de 30 do século passado, na Universidade de Duke, houves pesquisas desse tipo.
Eu acho que publicar uma matéria desse tipo no caderno de Ciências a Folha de S.Paulo errou, principalmente pela falta de ouvir outro lado. Reportagens desse tipo apenas incentivam esse tipo de atividade pseudocientífica na universidade.
Em 2005, já tinha publicado um comentário sobre o curso de Astrologia da UnB.
No mês passado, no dia 16 de abril, o Departamento de Medicina da UFSCar, promoveu a palestra "A Ciencia atual e a Sabedoria Perene: como correlacionar a física atual com a meditação na promoção da saúde?" Na palestra o médico Cláudio Azevedo, da Universidade Federal do Ceará (UFC) discorreu sobre a moderna física de alta energia e cosmologia, analisando os conceitos de vazio, multidimensionalidade e incerteza quântica estabelecendo relação entre o observador e os experimentos quânticos e como os níveis ampliados de consciência exercem efeitos na promoção da saúde. Não é preciso comentar, pois novamente foi uma palestra de "pseudociência" agora na UFSCar.
Devemos tomar cuidado com esse tipo de atividades, pois elas podem até ser discutidas na universidade, mas nunca com caráter científico
Entretanto, há, na minha opinião, um problema quando atividades pseudocientíficas, por serem realizadas na universidade, começam a ganhar status de "Ciência". É o caso da Universidade de Brasília, que tem desde 1989 o "Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais", que aparece em destaque na edição de hoje (30/05) no caderno de Ciência da Folha de S.Paulo (a reportagem compleata nesse link, apenas para assinantes).
A reportagem começa apresentando as credenciais acadêmicas do coordenador do núcleo, que é físico e dá uma ampla divulgação as atividades do núcleo. A tônica da reportagem é informar que as "pesquisas" realizadas é perseguida por setores da universidade e que órgãos de fomento a pesquisa nunca aprovam projetos para esse tipo de atividade e para que elas ocorram devem recorrer a financiamento do exteriors, Curiosamente, como resultado importante do Núcleo é relatada a "experiência" de levar paranormais para o hospital da UnB para adivinhar o que os pacientes tinham. Os resultados foram que os sensitivos não acertavam mais do que um processo randômico, ou seja, escolha aleatória de respostas.
A Folha de S.Paulo, como manda o bom jornalismo, não fez um contraponto, ou seja, não ouviu ninguém do outro lado, qual é a opinião dede outros pesquisadores sobre esse tipo de atividade. O Núcleo promove pesquisas e cursos nas áreas de Astrologia, Ufologia, Conscienciologia e terapias inegrativas. A Folha se limita a citar que na década de 30 do século passado, na Universidade de Duke, houves pesquisas desse tipo.
Eu acho que publicar uma matéria desse tipo no caderno de Ciências a Folha de S.Paulo errou, principalmente pela falta de ouvir outro lado. Reportagens desse tipo apenas incentivam esse tipo de atividade pseudocientífica na universidade.
Em 2005, já tinha publicado um comentário sobre o curso de Astrologia da UnB.
No mês passado, no dia 16 de abril, o Departamento de Medicina da UFSCar, promoveu a palestra "A Ciencia atual e a Sabedoria Perene: como correlacionar a física atual com a meditação na promoção da saúde?" Na palestra o médico Cláudio Azevedo, da Universidade Federal do Ceará (UFC) discorreu sobre a moderna física de alta energia e cosmologia, analisando os conceitos de vazio, multidimensionalidade e incerteza quântica estabelecendo relação entre o observador e os experimentos quânticos e como os níveis ampliados de consciência exercem efeitos na promoção da saúde. Não é preciso comentar, pois novamente foi uma palestra de "pseudociência" agora na UFSCar.
Devemos tomar cuidado com esse tipo de atividades, pois elas podem até ser discutidas na universidade, mas nunca com caráter científico
Nem tudo que se faz na universidade é ciência.
ResponderExcluirNada mais verdadeiro, principalmente se considerarmos que as primeiras foram erigidas em torno do estudo de Direito, Medicina e Teologia...
Olá João,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Você tem toda a razão, quando pensamos nas próprias origens da universidade.
Um abraço
Adilson
Olá Adilson, texto interessante o teu e parabéns pelo blog!. Eu sou estudante da Universidade de Brasília, e posso te dizer que esse núcleo realmente existe, mas não tem a credibilidade que a reportagem pode ter tentado passar (me pareceu do interesse da folha mostrar esse núcleo como vanguardista incompreendido, o que de fato não é).
ResponderExcluirOutra questão é que não existe curso de Astrologia na UnB como você escreveu. Se houve algum encontro ou discussão do tema em 2005 eu não sei, mas posso lhe garantir que esse curso não existe.
A credibilidade da pseudociência na mídia não é nenhuma novidade, e promovê-la foi uma infelicidade da folha.
um abraço,
André
Caro André,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
De fato não há curso de Astrologia na UnB, mas em 2005, como está indicado no post, foi promovido um curso por esse núcleo.
Concordo plenamente com você com a impressão sobre a reportagem da Folha de S.Paulo, que valorizou demais a atividade.
Um grande abraço
Adilson
O curso de Astrologia foi promovido por esse Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais? Essa é boa, não sabia, já não dava moral nenhuma pra eles, agora menos ainda. Não consegui deduzir que tinham sido eles pelo seu texto, nem pelo outro de 2005 que vc deixou o link. Quis esclarece que a UnB não oferecia o curso pois como estava escrito vi que alguém que lesse poderia concluir isso. Valeu pelas informações, bom saber o nível de pseudociência que estou convivendo na minha universidade, do mais baixo nível. Astrologia é sacanagem.
ResponderExcluirabraço,
André
Professor:
ResponderExcluirTambém fiquei indignado ao ler a reportagem da Folha na mesma página da excelente coluna MICRO/MACRO, de Marcelo Gleiser, aliás, tomando um espaço bem maior. Até resolvi postar sobre o assunto no meu modesto blog ( http://bit.ly/9HQ4Q6 ), comentei no blog MICRO/MACRO, que publica todos os artigos de Gleiser,( http://bit.ly/9AhQws ) e mandei um e-mail para o pessoal do site Ceticismo Aberto, que é um espaço bem visitado, para que mais pessoas interessadas fiquem sabendo que o professor Álvaro, da UnB, acha correto destinarmos mais verbas públicas para o estudo de paranormalidades, discos voadores, telecineses, e que tais, o que eu também discordo. Por enquanto, não tive retorno. Você, pelo que vejo, foi uma das poucas pessoas que também demonstraram uma preocupação em relação à infiltração destas pseudociências nas nossas universidades, e isto, no meu modo de ver, é muito grave. O pior é que, quando acessei a reportagem no site da Folha, pelos comentários pude perceber que há várias pessoas que defendem o financiamento destes estudos. Se isto acontecer, seria lamentável.
Caro Professor Jairo,
ResponderExcluirTambém escrevi para a Obusdman da Folha de S.Paulo e teve apenas o retorno que o meu protesto seria encaminhado para a direção do Jornal e para a Editoria de Ciência, mas aparece que não aconteceu nada. Infelizmente é uma pena o jornal fazer uma reportagem como essa.
Parabéns pelo seu blog.
Um abraço
Adilson
A palavra ciência veio do latim SCIENTIA, que significava conhecimento, tomada de conSCIENTIA de algo. (Também a palavra MEDICUS significava o mediador entre o mundo natural e o sobrenatural). Com a evolução dos tempos e o surgimento de novos métodos de busca do conhecimento, a palavra foi ganhando outras conotações. Não concordo que toda e qualquer -LOGIA mereça a mesma consideração, porém, penso que aquilo que hoje se considera a verdadeira "ciência" deveria receber um novo nome(comprovação, verificação, etc.), em respeito àqueles conhecimentos todos (tidos como pseudociências)que nasceram muitos séculos antes do Método Científico e dos paradigmas objetivos. E por falar em respeito às palavras, nada mais indefinido e subjetivo existe do que a linguagem humana. E, no entanto, as "ciências da linguagem" gozam de muito prestígio nas Universidades. E o homem, qual ciência conseguiu até hoje dar uma resposta satisfatória à existência deste mísero ser? A Filosofia cai no vazio. As religiões tornam-se ridículas. As "pseudologias" tentam fazer algo, respeitemos suas tentativas, embora vãs. Somente após a morte, todos saberão se são ou não apenas esta partícula de matéria, mas aí será tarde demais. O maior medo do homem é o de ser infinito. "E se houver realmente a tal da vida eterna? Ah, que monotonia!"
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