Nova edição da ClickCiência
Editorial
Teoria da evolução como ponto de partida
"Nós devemos, entretanto, reconhecer, ao que me parece, que todo homem, com suas nobres qualidades... ainda se mantém dentro dos seus limites corporais, a indelével marca de sua origem rasa." Charles Darwin
A edição deste mês da ClickCiência também embarcou na celebração dos 150 anos da publicação de "A origem das espécies", do naturalista inglês Charles Darwin. Durante pouco mais de um mês, trocamos ideias, lemos o que outras revistas publicaram, navegamos por sites interessantes na Internet, conversamos com pesquisadores do Brasil e do exterior. E nos empenhamos em produzir uma abordagem multidisciplinar da teoria da evolução.
Como resultado desse trabalho, primeiramente, destacamos que um olhar histórico nos ajuda a compreender a posição social de Darwin no complexo mundo do trabalho científico: ele desafiou o pensamento dominante à sua época, ao afirmar que todos os organismos vivos sobre a Terra estão relacionados entre si e que, em algum momento, tiveram um ancestral comum. Logo, humanos, tigres, gatos, borboletas e bactérias, de algum modo, já foram parentes. A consequência cultural mais imediata dessa ideia foi a eliminação da hierarquia entre as diversas formas de vida, colocando o ser humano firmemente posicionado no mundo natural.
Embora tenha estudado e publicado originalmente na área de Biologia, Darwin forneceu os fundamentos para que os cientistas que vieram depois pudessem desenvolver conhecimento nas áreas da Genética, Ecologia, Bioquímica, Estatística e até Filosofia. Ao considerar a influência do meio na modificação dos organismos, por exemplo, a teoria darwiniana passou a considerar um aspecto até então desprezado: a mutabilidade. Darwin encontrou evidências de que as espécies mudam com o passar do tempo, em função das pressões do ambiente e das modificações internas dos organismos, contrariando a crença dominante até então de que todos os seres vivos haviam sido criados do jeito que sempre permaneceriam. Em outro campo, aplicado metaforicamente à Filosofia, o raciocínio pode ser assim elaborado: as ideias científicas, tal qual as espécies, não deveriam ser interpretadas como fixas e eternas. Elas se manteriam até que a realidade trouxesse novos problemas e forçasse os cientistas a mudar as explicações.
Ao dissolver a imutabilidade das formas de vida, o pensamento de Darwin mostrou aos cientistas que não é errado mudar de ideia quando a conjuntura muda. Afinal, a Ciência, assim como a vida, é feita de movimento.
A movimentação ao redor dos conceitos fundamentais sobre a evolução das espécies você vai encontrar nas matérias desta edição: a história pessoal de Charles Darwin, sua formação e influências, a viagem a bordo do Beagle, a produção do livro famoso, a receptividade das ideias na sociedade da época, os desdobramentos da teoria da evolução na pesquisa contemporânea e o modo como o público entende essas pesquisas. Boa leitura!
Gostei muito do seu blog e da revista.
ResponderExcluirColoquei os links no meu blog Ensino de Química, ok?
Um abraço.
http://ensquimica.blogspot.com/
Olá!! Sim, desde o final do ano passado e no decorrer deste ano, muitas edições comemorativas sobre os 150 anos de A origem das espécies... mesmo com as modificações, como no caso a mutação na teoria evolutiva, o livro não perde a essência de quem passou a observar o mundo com outros olhares como fez Darwin e Wallace... Ano passado a Revista Ciência Hoje das Crianças fez uma edição toda dedicada a vida e a obra de Darwin, A Revista Escola este ano também e agora consegui uma edição da revista Carta na Escola que revela diferentes aspectos da personalidade de Darwin e sua estadia no Brasil!!
ResponderExcluirA Teoria da Evolução, que é de Wallace, apropriada por Darwin, não condiz coma epistemologia da Relatividade, nem com a Quântica. Enquanto estas evoluem por relações,eu diria até pela ética, aquela supunha que eram forças que dominavam o universo.
ResponderExcluirO método darwinista é platônico, calcado na dialética, e por isso, ainda que atinja algumas coincidências, é falseável, como diria Popper.
Cara Alcione e Daniela.
ResponderExcluirObrigado pelos comentãrios. Espero que os textos da ClickCiëncia lhe agradem e possam ajudar nas suas atividades didáticas.
Um abraço
Adilson
Caro Allmirante,
ResponderExcluirConcordo com você que a Relatividade e a Quântica não são como a teoria da evolução. Aliás, essas teorias carecem exatemente disso, por não considerarem a evolução dos sistemas físicos levam a situações irreversíveis temporalmente. Apenas o conceito de entropia, na Física, que esbarra um pouco nessa questão.
Um abraço
Adilson